No post anterior falamos do jeito certo de encarar as descidas de bike, e hoje vou aprofundar um pouco, trazendo o erro mais comum dos ciclistas iniciantes (e até intermediários) ao descer. Esse conteúdo vale para todos os tipos de bicicleta.

Você tem alguma idéia de qual seja?

Uso do freio? Onde olhar? O medo?

O erro mais comum pedalando nas descidas é o posicionamento do ciclista em cima da bicicleta.

Foto: atual campeã mundial de mountain bike XCO Evie Richards em posição de ataque, pronta para recuperar equilíbrio conforme a bicicleta se movimenta embaixo dela, em trecho técnico de descida na pista da copa do mundo de Nove Mesto. Olhar para onde quer ir.

POSICIONAMENTO É TUDO!

E o piloto tem que estar confortável ao se movimentar em cima da bicicleta, possuir um repertório de ações e reações que é construído ao longo da prática. 

Tanto para passar por obstáculos quanto em situações de desequilíbrio, o piloto precisa se adaptar, se movimentar para ter ou retomar o controle.

Ou seja, os acidentes acontecem quando o piloto falha em se posicionar corretamente para passar um obstáculo, ou falha em se adaptar perante instabilidade.

“Seu equilíbrio na bicicleta depende da sua capacidade de mudar de posição ao se preparar para obstáculos, reagir e se recuperar” – Viviane Favery

Com isso, um ciclista rígido e tenso terá mais dificuldade de ter estabilidade e controle da bicicleta.

Foto: atual campeão Olímpico (Tóquio 2020) Tom Pidcock em momento de transição entre obstáculos e trechos técnicos, na posição “neutra” (mais relaxado). Braços e joelhos levemente dobrados para ajudar na absorção de impactos. Olhar para onde quer ir.

A REGRA NÚMERO 1 DE POSICIONAMENTO

Dito isso, a regra número um de posicionamento para passar por um obstáculo e encarar descidas é apoiar os pés nos pedais paralelos ao chão, colocar pressão no guidão distribuindo o peso do corpo e tirar o apoio do selim. Ou seja: ficar em pé em cima da bicicleta.

É CORRETO JOGAR O CORPO PARA TRÁS NAS DESCIDAS?

Esse é um tema polêmico. Há quem que é absolutamente contra colocar o peso pra trás do selim, e quem faz isso em todas as descidas. O certo é nem um, nem outro.

Como falei acima, o piloto precisa se movimentar em cima da bicicleta com agilidade para buscar estabilidade, e muitas vezes isso significa rapidamente colocar o peso mais para trás do selim.

Porém, isso ocorre em fração de segundos, e apenas quando a descida é muito inclinada.

Ao assistir corridas profissionais de mountain bike, você verá atletas se movimentando com muita agilidade e fazendo essa transferência de peso horizontal (muitas vezes indo com o corpo pra trás do selim). Mas considere que a pista onde esses pilotos andam é inviável para um simples mortal 😅

O que eu quero dizer com isso é que se você precisa colocar seu corpo pra trás frequentemente para transpor uma descida, é porque talvez esteja faltando habilidade técnica na sua “caixinha de ferramentas”, e precisa praticar em terreno menos técnico para melhorar seu posicionamento e controle da bicicleta.

Importante: falhar ao voltar rapidamente para a posição correta depois de colocar o corpo para trás do selim em um trecho inclinado tira o controle da direção da bicicleta, pois a roda da frente estará livre, sem pressão.

É preciso se recuperar, voltar para a posição neutra ou de ataque (mais à frente da bicicleta) para retomar o controle (agilidade).

Sendo assim, é fundamental respeitar seu nível de habilidade nas descidas e evoluir gradualmente!

 

LOW AND WIDE: BAIXO E LARGO

O termo low and wide é bastante usado pelo PMBIA (Professional Mountain Bike Instructor Association), a entidade que desenvolveu a metodologia de aprendizagem para pilotar bicicleta mais reconhecida no mundo todo.

Estar “baixo e largo” é a forma mais estável de estar em uma bicicleta, com o quadril fora do selim e tronco próximo do top tube. Os cotovelos fazendo um T, colocando pressão no guidão. Piloto sempre olha pra frente.

Esse posicionamento requer energia e pressão dos pés nos pedais e das mãos no guidão e é conhecida como posição de ataque, ou READY POSITION (posição PRONTA na tradução literal).

Nos meus cursos, gosto de falar que essa é a posição FIONA, pois é preciso se sentir forte em cima da bicicleta, e nem sempre é a posição mais bonita de se fazer.

Foto: Avancini transpondo o jardim de pedras em posição “baixo e largo”, com total controle da bicicleta. Olhar para onde quer ir.

 

Bom, chega de texto, agora é hora de você praticar!

No seu próximo rolê de bike, se mexa bastante em cima da magrela e experimente novas posições.

Você também pode assistir vídeos de tutoriais para analisar outros ciclistas, se você for uma pessoa mais visual.

Outra dica: peça para alguém te filmar quando pedala, para ver se sua posição FIONA está boa, que tal? Só não esqueça de me marcar no instagram: @vivianefavery 

 

Boas pedaladas

– Vivi Favery